quinta-feira, outubro 14

Certificação

 Em Iyengar Yoga existe o exame de certificação. Ele é uma prova que serve para avaliar a prática e a forma de ensinar dos professores do método. É como se fosse um selo de qualidade.

Existem vários níveis de exame e cada um deles tem uma série específica (lista) de posturas para as quais o professor deve direciona sua prática e seus estudos.
Uma pratica direcionada para a certificação dá um “up grade” que não se consegue com uma prática cotidiana, isso é fato.
Pra dizer a verdade, essa é grande vantagem em se fazer a prova (opinião pessoal).
Mas, infelizmente, toda avaliação traz consigo muita tensão, cobrança e ansiedade e no mundo da certificação não é diferente.
Mas, deveria ser! Afinal de contas, estamos falando de yoga.
Senão fica contraditório né? Prega uma coisa e faz outra.

Apesar dos pesares, sou uma defensora da certificação.
Mas, a forma como ela é conduzida precisa mudar.
Quando escrevi o texto “Adaptação” foi pensando justamente nisso.
Se as pessoas acham que existe uma única maneira de fazer as coisas, o método vai ser visto como “estreito e limitado.”

Fiquei sabendo por intermédio de uma conhecida que faz formação em Londres e prestou prova lá semana passada, que a permanência nas posturas foi de uns 10 segundinhos, ao contrário do que reza a lista.
Eu achei isso bem razoável, ainda mais que na minha última prova fiquei 10 minutos em sirshasana (apoio sobre a cabeça) e 8 minutos em sarvangasana (vela) com a pelve rodada, ou seja, toda torta.

Acredito que ainda estamos engatinhando nessa área e espero que futuramente tenhamos condições de realizar uma certificação tranqüila e produtiva. Onde as pessoas realmente sejam avaliadas pelo seu conhecimento em relação ao método, inclusive fazendo adaptações necessárias a sua própria prática e não somente buscando perfeição.
Quem sabe assim, a certificação se torne uma motivação para todos nós e “que juntos sejamos protegidos, desfrutemos dos frutos de nossas ações e obtenhamos força”.*





*trecho do Shanti Mantra (Mantra da Paz)

quarta-feira, outubro 13

Terceiro chakra

                                                          Gesto da deusa da transformação


Manipura é o nosso terceiro chakra, localizado próximo ao umbigo. É o famoso plexo solar.
É sede do sentimento do medo e quando ativado induz a calma.
Está relacionado a digestão, ao ego e ao poder.
Seu elemento: Fogo. Obviamente, porque não dá pra associar essa região (digestiva) a qualquer outro elemento.
Sentido predominante: visão, cor: amarelo.


Curiosidades:

1- estudiosos no assunto dizem que Hitler foi uma de pessoa desse chakra: “as pessoas do terceiro chakra mantém o controle sobre os outros pela ira.”
2- costumam dormir de costas, entre 6 a 8 horas por noite.
3- a falta de amarelo: pessoa que está de mal com a vida.

Asanas clássicos:

flexão na prancha (chaturanga dandasana)
postura da cobra (bhujangasana)
postura do crocodilo (makarasana)
postura do gafanhoto (shalabahsana)

terça-feira, outubro 12

Passado

"Não tente esquecer o passado; é impossível esquecê-lo sem ao mesmo tempo esquecer de si mesmo. Você talvez imagine ter esquecido um ou outro detalhe indesejável, mas ele está gravado em alguma parte do seu corpo. Entretanto, a experiência passada, por pior que tenha sido, pode ser utilizada agora para tornar seu presente a base vital de um futuro mais pleno. Quando tiver aprendido a aceitar o passado e fazer as pazes com ele, ele o deixará em paz."
                                                                                                           Feldenkrais



sábado, outubro 9

Segundo chakra

                                                                  Gesto do ventre

Swadhistana é o nome do nosso segundo chakra, localizado entre o umbigo e os órgãos genitais.
Ele está relacionado a procriação, família e fantasia.
Seu elemento é Água, o sentido predominante paladar e a cor laranja.
Dizem que a inspiração para criar começa aqui.

Curiosidades:
1- 2/3 da Terra são cobertos por água e as marés são governadas pela Lua. A representação do swadhistana é um círculo com o crescente, representando a ligação entre a água e a Lua.
2- como nós também somos feitos de 70% de água:“ as pessoas do segundo chakra atravessam muitas flutuações emocionais durante a mudança das fases da Lua.”
3- dizem que uma pessoa dominada por este chakra dorme de 8 a 10 horas na posição fetal
4- a falta do laranja pode causar problemas intestinais e cólicas (intestino ou rins).

Asanas clássicos:

postura do macaco (hanumanasana)
postura do pombo (kapotasana)
borboleta (badha konasana)
pernas afastadas (upavishtha konasana)

quinta-feira, outubro 7

Associação Bras. de Iyengar Yoga

Na época em que eu era praticante e estagiária de Asthanga foi fundada a “Aliança do Yoga”.

Como eu não tinha objetivo em dar aula (porque não me sentia nem um pouco preparada pra isso) não me liguei muito no movimento, mas era clara a preocupação (dos profissionais sérios) com o grande boom de professores pouco qualificados que estavam surgindo e provavelmente comprometendo os ensinamentos.
Eu lembro que para se associar você tinha que ter um tempo mínimo como professor e de acordo com informações sobre sua formação e seu conhecimento filosófico você era aprovado ou não.
Pensei comigo: se um dia eu começar a ensinar, farei parte dessa aliança com certeza.
Bom, comecei a dar aula e um tempo depois iniciei o curso de formação em Iyengar Yoga e parei o Ashtanga.
Nesse meio tempo, em 2006, foi fundada a Associação Brasileira de Iyengar Yoga (ABIY):

“Somos um grupo de praticantes e professores de yoga seguindo os ensinamentos do mestre Iyengar, promovendo cursos, intercâmbios e formação qualificada, obedecendo rigorosamente os preceitos e regras do RIMYI*, bem como a promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores universais.”




Bonito né? 
Naquela época, existiam 3 escolas oficiais de formação e cada uma atuava por conta própria.
No início, pelo menos da minha parte, vi na Associação uma ferramenta super útil pra união e fortalecimento dessas escolas, bem como para a criação de uma “mesma linguagem” de ensino.
Bom, a mesma linguagem de ensino com certeza foi criada, por conta do controverso exame de certificação.
Digo controverso porque, ao que me parece, é por causa dele, que muita gente quer distância da Associação.
Em relação ao primeiro item, esquece.
Duas dessas escolas ainda existem, mas não são mais consideradas “oficiais” e a outra fechou. Dois novos cursos de formação oficial foram criados.
Realmente nada é perfeito, mas a intenção era associar ou dissociar?

*RIMYI- Ramamani Iyengar Memorial Yoga Institute, escola do Iyengar em Pune –Índia.

quarta-feira, outubro 6

Adaptação

Uma breve introdução para um tema que irei tratar num futuro próximo:


No budismo existe um princípio chamado Zuiho Bini que significa adaptar o ensino a localidade onde se vive.
Há 50 anos atrás, quando meu mestre veio pra América para se encontrar com os descendentes de japoneses daqui e oficializar a Gakkai*, essa foi a primeira coisa que ele pensou: como adaptar o budismo considerando as diferenças de cultura, costumes, pensamentos e características próprias de cada país.
A primeira ação tomada foi traduzir os livros budistas para o inglês, tendo toda a preocupação em encontrar termos adequados para que as pessoas sem conhecimento do budismo pudessem compreendê-los.
Depois surgiram coisas mais práticas:
“A diferença nos hábitos e costumes é uma questão a ser pensada seriamente. Por exemplo, sentar ao estilo japonês na hora de realizar a oração é um sofrimento para os estrangeiros. Além disso, quase todas as residências da América têm piso de madeira. Para quem não está acostumado a ficar de joelhos, com certeza será um terrível sofrimento e desse jeito, não será possível sentir qualquer alegria... Será que o modo de se sentar não pode ser mudado?”
E foi sugerido o uso de cadeiras.
Eu não sei nos outros países, mas aqui no Brasil essa adaptação foi bem lenta.
Eu me lembro que quando pequena (há mais de 30 anos atrás) eu ia nas reuniões e ajoelhava no chão (sem nenhuma almofadinha) e não entendia bolhufas porque todo mundo só falava japonês.
Também 90% de todo mundo era japonês.
Mas, tinha uma coisa boa: na hora do lanchinho só tinha comida japonesa, que eu adorava, tirando o bolinho de feijão, eca! rsrsrs
Hoje, o quadro mudou completamente: em todas as atividades as pessoas ficam sentadinhas na cadeira, quando é usado um termo em japonês logo fazem a tradução e no lanchinho tem coxinha.
Também agora mais de 90% de todo mundo é brasileiro.
Aliás, existe 100% de uma linda miscigenação associada a diferentes níveis sociais, culturais e educacionais.

Finalizando, tomo emprestada uma consideração de Sensei que me introduzirá no próximo tema:
O meu maior receio é que os líderes caíam na inflexibilidade de aplicar o mesmo método de atuação do Japão em todo o mundo, considerando-o como o único e absoluto meio. Isso seria como impor a todas as pessoas do mundo os modos típicos do Japão. Se pensar que essa é a maneira correta de fazer a prática, o budismo será visto como um ensino estreito e limitado.”


*Sokka Gakkai (organização budista que significa Criação de Valores Humanos)

terça-feira, outubro 5

Livro - filme

Assisti ao filme “Comer, rezar e amar” e só posso dizer que... o Javier Bardem é um gato. rsrsrs

Eu achei o livro “bonzinho”, porque me incomoda essa coisa de se criar grandes expectativas e ilusões de uma solução do além para os problemas mundanos.
Acho que o sucesso desses livros de auto-ajuda deve-se ao fato de eles trazerem resoluções bem simples para as questões existenciais.
E a questão dessas resoluções no fundo, no fundo serem simples, não tem muito segredo.
Basta existir um diálogo interno onde, de coração e alma completamente livres de julgamentos e críticas, a pessoa se perdoe, perdoe o outro, tenha novas decisões, deixe o passado ser passado e não ser um fardo e por aí vai.
Agora, aí é que está o X da questão: esse diálogo tem um caminho muito doloroso e árduo.
Foi esse caminho que me fez achar o livro bonzinho, senão eu terei achado qualquer nota.
E no filme, infelizmente ele foi tão superficial... uma pena.
Na verdade, o filme virou um romance romântico.
Bonzinho!

http://www.youtube.com/watch?v=cji7pUWhBi8

P.S.: cheguei em casa morrendo de vontade de comer macarrão. rsrsrs

sábado, outubro 2

Frase do dia



"Não tenho tempo para mais nada
Ser feliz me consome muito."
                                Clarice Lispector






Li essa frase na lanchonete da Livraria da Vila hoje.
Fiquei até mais feliz. rsrsrs

quinta-feira, setembro 30

Primeiro chakra

                                                                Gesto da Mãe Terra

Muladhara é o nome do nosso primeiro chakra e já tenho que adiantar que é cheio dos mistérios.
Quando adormecido é ele que controla a energia sexual.
Aliás, no final desse post colocarei uma frase do Feldenkrais sobre o assunto.
Ele está localizado no períneo, entre a região do ânus e dos órgãos genitais.
É relacionado a fundação, fecundação, sobrevivência.
Seu elemento é Terra, o sentido predominante: olfato e a cor: vermelha.

Curiosidades:
1- na yoga nossa força vital é conhecida como Kundalini. Quando não despertada, ela é representada por uma serpente enrolada que fica com a boca voltada pra baixo, segurando a própria cauda. Por isso, o muladhara tem como símbolo um triângulo de cabeça pra baixo.
2- dizem que uma pessoa dominada por esse chakra dorme muito e de barriga pra baixo.
3- o excesso de vermelho (cor do chakra) pode causar excesso de agressividade, de atividade física, de trabalho e sexualidade descontrolada. Já sua falta pode causar estafa, desânimo, frigidez, falta de iniciativa e bruxismo.
????
O que será que bruxismo tem haver com a história?
Eu não sei, mas podem ter certeza que tem uma explicação.

Asanas clássicos desse chakra:
Na minha opinião, relacionar um chakra a uma postura específica é muito limitante.
De qualquer forma, acho que por uma questão didática, existem algumas mais indicadas que as outras.
Eu realmente não posso falar como muita propriedade.
Seguem os asanas:
posturas de pé
postura do bastão (dandasana)
cócoras (malasana)
lótus (padmasana)

“A maturidade sexual surge no final do período de desenvolvimento e por esse motivo é sua função mais vulnerável. Todas as conseqüências de hábitos inadequados e desaconselháveis formados pela experiência pessoal durante o período de crescimento anterior afetam essa função, marcando-a mais do que qualquer outra função que amadurece mais cedo... é impossível alguém corrigir e modificar adequadamente a maneira como usa o seu ser global sem recuperar a espontaneidade sexual... muitas pessoas não se consideram deficientes, mas sentem que não vivem plenamente, que a vida é uma obrigação vazia... vegetam num nível inferior de existência, do qual é impossível sair sem aprender o uso saudável do self que conduz a uma potência ativa, espontânea e completa. Mas, isso não pode ser alcançado sem que , ao mesmo tempo, a pessoa se torne um indivíduo ativo e evoluído.”
                                                 “O poder da autotransformação”


P.S.: O Feldenkrais foi um físico que se tornou professor de judô. Por conta disso, ele teve muita influência da cultura oriental no seu trabalho.
Outro dia no curso de formação, fiz uma lição relacionada ao Hara.
Para o judô, o hara representa a mesma coisa que a kundalini, para o yoga.

domingo, setembro 26

Mudrás


Fazendo o resumo do estudo dos chakras, comecei a pensar que foto iria escolher para simbolizar cada um deles.

Pensei no próprio símbolo de cada chakra, mas eles têm uma complexidade que foge a minha compreensão. Depois pensei no elemento correspondente, mas achei bobagem.
Aí pensei na cor correspondente, mas ficaria muito cromoterápico.
Então, por fim, escolhi postar a foto do “mudrá” correspondente.
Mudrá significa gesto feito com as mãos. Mas não um gesto qualquer, é um gesto com um peso simbólico muito forte.
Meu primeiro contato com os mudrás não foi na yoga, inclusive nem no Ashtanga, nem no Iyengar eles são usados, a não ser, obviamente, o namaskar (mãos em prece).
Foi quando eu fiz dança clássica indiana.
Imaginem que num dos estilos da dança você conta estórias com os gestos das mãos. É lindo!
E pensando bem, culturalmente, é muito significativo o uso das mãos como canal de comunicação.
Por exemplo, quando você pensar em orar. Qual a primeira coisa que fisicamente você fará? Dependendo da religião, talvez você se ajoelhe, ou sente e endireite as costas, mas aí depois, independente da religião todo mundo vai unir as mãos.
O cumprimento, lógico que dependendo do país, pode ser abaixar a cabeça, dar beijinho, mas como senso comum, todos usam o aperto de mãos.
E também existem aqueles gestos que pra nós são considerados “feios”, tipo mostrar o dedo do meio. De qualquer forma, continua tendo um peso simbólico, mesmo que negativo.
E se a gente pensar tem muitos outros, como o “paz e amor” mostrando o indicador e o polegar, “tudo jóia” com o polegar.
E quando se fala em chakras,  um mudrá tem a função de potencializar a força daquela roda.

P.S.: chakra significa literalmente roda, símbolo de movimento, que representa as alterações que ocorrem o tempo todo dentro de nós.