A relação entre um mestre e seu discípulo no budismo é chamada de “unicidade de mestre e discípulo”.
Eu adoro a palavra unicidade e acho que ela representa em profundidade o significado dessa relação.
Não creio que seja fácil entendê-la porque quem não tem um mestre pode achar que é algum tipo de veneração, confiança cega, idolatria etc.
Mas, não tem nada a ver com isso, pelo contrário: um bom discípulo não é uma pessoa submissa e obediente, é alguém que representa e supera o próprio mestre.
Porque no fundo ele é treinado pra isso.
Pelo menos, foi assim que eu aprendi.
Minha inspiração para esse assunto surgiu ontem no curso do Arun, quando ele falou sobre os direcionamentos que recebeu do seu guruji*.
A mesma coisa eu percebi com o Faeq.
Ambos têm um sentimento de gratidão e devoção ao Iyengar que é muito respeitável e admirável.
E daí tá explicado o porquê cada um tem um jeito tão diferente de ensinar a mesma coisa.
O Faeq comentou que o Iyengar o orientou a ensinar o máximo que ele soubesse no menor espaço de tempo, porque as pessoas vivem na correria e não tem muito tempo disponível.
Ele fala o tempo todo e com uma profundidade técnica que dá curto circuito no tico e teco.
Já o Arun foi orientado a falar menos e descer ao nível dos alunos, ou seja, explicar as coisas de uma maneira fácil de serem compreendidas.
Ele demonstra todas as posturas sem falar quase nada e a aula é um silêncio total, salvo algumas correções individuais.
Cada um do seu jeito segue cumprindo sua missão.
*guruji: forma carinhosa como eles chamam o Iyengar.