As vezes fico pensando: a gente tem mais medo de morrer ou de envelhecer?
Eu acho que no fundo é mais de envelhecer ou melhor, de morrer enquanto envelhece.
Porque conforme o tempo vai passando, as coisas vão mudando rapidamente, a briga com a gravidade começa a incomodar, a gente vai se dando conta de que o tempo vai ficando cada vez mais curto e que talvez não dê para resolver as frustações "do que não fiz", "do que não fui","de quem não amei"...
Mas, por outro lado a gente pode viver tão intensamente, tão alegremente, tão humanamente que vai sentir vontade de morrer para completar essa vida tão bem vivida.
Divagações...
Bom, mas essa introdução toda foi para compartilhar alguns textos do Iyengar que falam sobre envelhecimento e que estão me deixando cada vez mais encantada com toda a sutileza e sabedoria que envolvem essa fase da vida.
O Iyengar, pra quem não sabe, começou a praticar aos 16 anos para se "libertar de sua existência doentia" e após quatro anos de prática regular começou a desfrutar de boa saúde.
Ele diz que ganhou 60 anos de "bônus de vida" e que agora não tem medo da morte.
Que máximo!
Pra ele, a yoga conserva os dois principais "portões da saúde": o sistema respiratório e o sistema circulatório.
"A saúde não pode ser comprada, ela tem que ser conquistada. Ela é dinâmica como a vida do carvão e a força de purificação deve constantemente queimar as toxinas que são criadas no corpo. Essa força pode ser gerada pela dedicação, atenção, força de vontade e devoção a fim de gerar a energia necessária para os 3 trilhões de células que sustentam a saúde."
E olhem que maravilha:
"Na velhice a filosofia do corpo é mais importante do que a filosofia da alma. A filosofia da alma é uma obrigação para todos. Mas, para ser independente na vida na velhice, a filosofia do corpo é essencial. O capital que nasce com o corpo humano, não é utilizado pela maioria de nós! Muitas vezes é utilizado para o gozo e não para a emancipação. A yoga nos ensina como usá-lo para o propósito correto. Na velhice a mente pode gravitar em torno da emancipação, mas o corpo não permite. O corpo se torna um inimigo. A fim de permitir que o corpo gravite em torno da emancipação, é preciso praticar yoga."
Há um tempo atrás perguntei a minha aluna Verinha se ela poderia escrever um texto sobre a sua experiência de ter "descoberto" a Yoga após os 60 anos e ela topou.
Daqui a pouco vocês terão a oportunidade de conhecer (e ver) sua maravilhosa história.
trechos do livro "Astadala Yogamala" vol.3 pág.171